Insisto no tema em vista da minha participação na campanha da AME/RJ, antigo Clube dos Oficiais da PMERJ, integrando uma chapa (três) que, ao fim e ao cabo, se caracterizou como “chapa treme-terra”. Tudo terminado, o ilustre vencedor, em elegante e-mail a mim endereçado, manifestou uma impressão desfocada da minha verdadeira intenção no contexto da disputa. Isto porque, no dia seguinte ao pleito, ingressei com pedido de exclusão do quadro de associados.
Informei-lhe, em resposta igualmente elegante, que requeri há um ano meu desligamento de todas as entidades para as quais contribuo em contracheque. A motivação foi simples: tive parte da minha remuneração, conquistada ao custo de suor e sofrimento, surrupiada a mando do atual governante, que decerto não sobrevive do magro subsídio (teto) que demagogicamente mantém sem reajuste.
Malgrado o caminho que escolhi (requerimento protocolado na Diretoria de Inativos e Pensionistas da PMERJ) para me livrar dos descontos, que me passaram a fazer falta no orçamento, não vi prosperar meu direito constitucional de não me associar ou permanecer associado a quaisquer entidades (Inciso XX do Art. 5º da CRFB: “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.”).
Aproveito então para alertar os companheiros militares estaduais de que não adianta tentar por vias administrativas a exclusão dos quadros de algumas entidades eternizadas em nossos contracheques. A procrastinação chega ao absurdo de muitos associados morrerem e continuarem descontando em favor dessas entidades. Com efeito, os contribuintes, – mantidos na condição de “associados obrigatórios”, – muitas vezes morrem e permanecem gerando receita para alguma entidade: ou além-túmulo ou por conta do desaviso de seus dependentes. Quanto a esse específico disparate, vou tentar provocar na ALERJ, através de algum deputado, uma CPI para apurar quais entidades abusam ao extremo de seus associados mediante golpes de “esquecimento” ou de “engavetamento” dos requerimentos corretamente endereçados, como foi meu caso. Não por culpa da AME/RJ, que fique bem claro! Reitero que requeri à Diretoria Geral de Pessoal da PMERJ. A partir daí, não sei que destino tomou minha petição.
Quanto ao vencedor reconduzido à presidência da AME/RJ, e ao contrário do que ele chegou a pensar e me informar, não fiquei nem estou irado com o resultado. Cabe-me esclarecer aos observadores e participantes da eleição que a chapa três estava na condição de opositora às demais chapas: a dele (um) e a de seu concorrente (dois), esta última liderada por outro não menos ilustre colega que contava com o apoio explícito do Comandante Geral que deixou o cargo antes do pleito. Em 14 de abril de 2009, durante solenidade de aniversário da antiga PMRJ, na sede do 4º CPA, fui sondado pelo líder da chapa dois, pessoa que admiro e respeito, para recuar e apoiar a sua chapa. Não era meu propósito. Não aceitei. E se eu aceitasse?...
A chapa três não se habilitou à eleição com a pretensão de vencer. Seus signatários, – em maioria oriunda do antigo RJ e contando com o Major PM Wanderby, cujo objetivo era se lançar candidato a presidente da AME/RJ mesmo ciente das dificuldades, – seus signatários intentaram também por esta via marcar um protesto em vista do descaso da instituição PMERJ com a antiga PMRJ. Portanto, e que fique evidente, o alvo da nossa reação era e continuará sendo a esquivança da PMERJ em relação à PMRJ. Cabe à AME/RJ uma parcela de culpa nisso, segundo minha ótica particular; não por culpa de pessoas, mas da inegável cultura predominante. Ora, ainda hoje não consta no site da corporação o Hino da PMRJ, embora haja um rol de hinos e canções até de batalhões! Isto, no entender de muitos treme-terras, e até prova em contrário, não ocorre por acaso...
Portanto, a concentração de assinaturas de treme-terras na chapa encabeçada por um lídimo representante da nova geração de oficiais da corporação, o Major de Polícia Militar Wanderby Braga de Medeiros, em vez de derrota, representou importante vitória; em especial a minha vitória por mais uma vez merecer a confiança dos meus companheiros de longos tempos e muitas lutas. Não lhes precisei esmiuçar motivos para recolher as assinaturas. Ilumino-os superficialmente agora, porém sabendo da desnecessidade de fazê-lo. Eles confiaram e confiam em mim porque não viso a interesses menores e pessoais.
Os integrantes da chapa três, viabilizada em tempo mínimo, sabiam não haver condições de vencer dois candidatos poderosíssimos, como eu mesmo admiti em artigo postado no meu blog antes do pleito. No entanto, ficou evidente pelo resultado que, se a chapa três optasse por um dos concorrentes, garantiria vitória menos suada à chapa um, e, à que perdeu (chapa dois), poderia lhe propiciar uma vitória desconcertante. Isto porque, num universo de 1.111 associados, repetiu-se a tendência do pouco comparecimento: menos de 30% em 2007 (280 sócios) e menos de 40% no pleito recente (425 sócios, com 13 sócios errando o voto, perfazendo apenas 412 votos válidos).
Tivéssemos nós, da chapa três, a intenção de disputar para ganhar, talvez bastasse compor com a chapa dois e a sinergia faria o resto. E me arrisco a especular: em havendo o apoio do atual Comando Geral (absolutamente não houve!) a chapa dois poderia ter vencido; a uma porque não haveria oposição da chapa três, ou seja, de nós outros; a duas porque apostaríamos no atual Comandante Geral apoiando a chapa dois ou seríamos pulverizados pelos dois lados da disputa em proporções quânticas. Ou faltaríamos ao pleito. Eis a inegável incerteza...
Sim, a chapa dois poderia ter vencido, pois a apuração indicou o somatório das chapas três e dois (79 + 123= 202) perdendo por apenas 8 votos para a chapa um (210 votos). Em vista disso, creio que cabe ao ilustre presidente reeleito e seus nobres conselheiros a preocupação com o resgate dos associados que não compareceram para votar: o mais grave de tudo.
Depois disso, vejo a necessidade de ampliar o número de sócios adotando uma política mais arrojada de legitimação da AME/RJ como representação classista cuja força se ampliaria sobremodo a partir de 3.000 associados. Sugiro preliminarmente tais medidas, dentre muitas outras, porque aceitei o apelo do presidente para recuar da minha decisão de me desassociar e colaborar com ele para o engrandecimento da AME/RJ, o que almejo sinceramente, desde que os companheiros da antiga PMRJ sejam tratados como autênticos irmãos camaradas.
Aproveito para apelar aos meus companheiros da chapa três que também creditem confiança ao novo momento da AME/RJ. Assim estaremos nos comportando como aqueles rios e riachos lá do início, de preferência sem mais tempestades a torná-los caudalosos...